Sermão Série: “Salmos curtos e doces de Verão”
Sermão de hoje: Salmo 133 – “As Bênçãos da Unidade de Deus, Correndo Sobre Nós”
Pastor Louis Prontnicki Maple Glen Bible Fellowship Church
Uma canção de ascensões. De David.
1 Como é bom e agradável quando irmãos vivem juntos em unidade!
2 É como óleo precioso derramado na cabeça, correndo sobre a barba,
correndo sobre a barba de Arão, descendo sobre o colarinho do seu manto.
3 É como se o orvalho de Hermon estivesse a cair no Monte Sião.
Para lá o Senhor dá a sua bênção, até a vida para sempre.
Introdução: No domingo passado, quando vos perguntei porque viestes à igreja no domingo, alguns de vós disseram que era pela comunhão que tendes aqui, com outros irmãos e irmãs no Senhor. Vamos explorar esse aspecto do nosso encontro, e fazer outra pergunta, a saber: “Porque é que gostam de se encontrar com outras pessoas? O que é que vocês têm em comum que torna seu tempo juntos agradável?”
Ps. 133 ajuda-nos a ver que há mais do que interesses comuns, personalidades semelhantes e experiências partilhadas; de facto, há uma dimensão sobrenatural na verdadeira unidade cristã. Vamos dar uma olhada.
Linha do sermão de hoje:
I. A Estrutura
II. A Estrutura
III. A Substância
IV. A Significado
I. A Estrutura do Salmo 133
Como fizemos no domingo passado com o Salmo 117, queremos aproveitar um momento para apreciar a beleza da simetria e da estrutura deste salmo curto. O que você observa sobre sua forma?
Leve o Salmo; agora observe as palavras/ idéias que se repetem (Correndo para baixo/ caindo).
Então a estrutura tripla do salmo é a seguinte;
- 1 é uma declaração da bênção da verdadeira unidade (relações horizontais)
- 2-3a dá-nos duas analogias desta unidade (usando ilustrações verticais: correndo para baixo)
- 3b conclui com uma declaração da bênção que o Senhor concede ao Seu povo unificado.
Então você pode ver que a imagem ou direção recorrente neste salmo é a idéia de “correndo para baixo”. Três vezes no hebraico, e talvez na sua tradução em inglês, vemos a palavra “Running down” (2x no v. 2), e uma vez no v. 3 (“falling” ou “falls”), que é a mesma palavra que no v. 2.
É a palavra “Jordão” como no rio Jordão, que desce das montanhas de 9.000 pés na Síria, até o Mar Morto, cerca de 1.300 pés abaixo do nível do mar!
Por isso a imagem dominante usada em Ps. 133 para descrever bênçãos e bondade é a de algo descendo de cima… e finalmente descendo do Senhor, a fonte de toda bondade e bênção, em Jesus Cristo!
Então enquanto tendemos a pensar num salmo de unidade num plano horizontal, a Palavra de Deus nos aponta numa direção vertical, enquanto vemos Suas bênçãos correndo para baixo em Seu povo unificado!
II. O cenário do Salmo 133
Ps. 133 é o próximo à última “canção de ascensões”. (Sl. 120-134) Estas são as canções que foram cantadas enquanto o povo judeu fazia suas peregrinações a Jerusalém. Note que ao subirem ao Monte Sião, as bênçãos do Senhor estavam descendo sobre eles, em sua unidade de propósito e adoração.
Esses peregrinos estavam desfrutando de uma unidade especial, uma unidade vibrante, enquanto viajavam como um em sua jornada de fé para adorar o Senhor.
Talvez Davi usou este salmo na época de 2 Samuel 6, quando a Arca da Aliança foi trazida para a nova capital de Jerusalém, e todo o povo foi unificado em celebração.
ou mais tarde, quando todo Israel se reuniu para uma das maiores festas em Jerusalém. (Por exemplo, lemos em 2 Crônicas. 30:12 que quando o rei Ezequias celebrou a Páscoa, lemos “Que a mão de Deus estava sobre o povo para lhe dar unidade de espírito para realizar o que o rei e seus oficiais tinham ordenado, seguindo a palavra do Senhor”)
Por isso, para nós hoje, o Sl. 133 tem um significado especial quando nos reunimos em adoração ao Senhor Jesus Cristo, como estamos fazendo hoje!
III. A Substância do Salmo 133
Há três partes da substância deste salmo:
- Uma declaração da bênção da verdadeira unidade (relações horizontais) v. 1
“Como é bom (o orvalho) e agradável/ deleitoso (o óleo) quando os irmãos vivem juntos em unidade!
Esta unidade é “boa” em si mesma (objetiva), e “deliciosa” na experiência (subjetiva.)
Motyer: “irmãos” implica necessariamente pertencer juntos, unidade familiar. Mas a “unidade” é outra coisa! É bom ver a família unida, mas se existe uma verdadeira unidade, isso é um bônus e uma enorme bênção. A unidade pelo sangue avança para a unidade do coração”
Stott: “O povo da aliança de Deus já é irmão; mas é bom e agradável, se, além da relação fraterna, vivem juntos na unidade”. (Ser simplesmente irmãos não garante unidade – veja as histórias do Gênesis de Caim e Able; Jacó e Esaú, e José e seu irmão!) Esta unidade é obra de Deus; Suas bênçãos descendo até nós.
2. Duas analogias desta unidade (usando ilustrações verticais: descendo) vv. 2-3a
Por que esta unidade é como o óleo descendo? Será porque ambos descem, e ambos abraçam o corpo inteiro, santificando-o? Ou será para ensinar que essa unidade é um perfume como o óleo e tão refrescante como o orvalho? Talvez ambos sejam verdadeiros.
Motyer notes: “Duas analogias distintas: primeiro, o óleo de consagração, apontando para a unidade como uma bênção sagrada de Deus, criando o povo sacerdotal que Israel estava destinado a ser (Ex 19,6). A segunda trata de um milagre – o orvalho de Hermom caindo sobre a colina de Sião/ Hermom era a montanha principal do norte (Israel); Sião a montanha principal do sul. Que eles deveriam estar unidos desta maneira só poderia ser um ato de Deus: tal então, disse Davi, é a unidade da família do povo de Deus, um milagre feito por Deus”
3. Conclui com uma declaração da bênção que o Senhor concede ao Seu povo unificado. v. 3b
Para lá (ou seja, Jerusalém; mas referindo-se também à abertura do salmo: onde há unidade, aí a bênção cai por ordem de Deus.) o Senhor dá a sua bênção (Sl 134,3), até a vida para sempre. (“A verdadeira unidade é do alto; uma bênção concedida muito mais do que algo que alcançamos”)
O lugar onde Deus ordenou a Sua bênção é onde o Seu povo tem unidade no Corpo. Deus não abençoa uma igreja que tem divisão e fofoca. Não. Ele envia Sua bênção evangélica sobre aquelas congregações que se humilharam, amam e servem umas às outras.
Calvino escreve: “Deus comanda Sua bênção onde a paz é cultivada”.
IV. O significado do Sl. 133
Deixa-me perguntar-te: “O que tens em comum com os outros na igreja que torna agradável a tua comunhão com eles?” Interesses semelhantes? Estágio na vida? Personalidades ou origens parecidas?
Se somos honestos, muitas vezes é o fator PLU: Gostamos de estar com pessoas como nós.
Mas você não precisa do Espírito Santo para isso acontecer. Você não precisa da cruz de Cristo derrubando qualquer muro divisório para ter esse tipo de amizade, certo?
Mas Deus está nos chamando para uma unicidade sobrenatural em Cristo! Seu objetivo de fazer de nós um em Cristo supertrai passatempos, idade, raça, profissões ou personalidades.
Em seu livro The Compelling Community: Onde o poder de Deus torna uma Igreja atractiva, Mark Dever e Jamie Dunlop propõem que a verdadeira comunidade que Deus procura não é a comunhão de PLUs, mas uma unicidade dada por Deus entre diversas pessoas que são atraídas juntas, não por interesses exteriores ou demográficos semelhantes, mas por causa da nossa unicidade em Cristo. Nossa unidade deve ter uma base sobrenatural; ela deve ser atribuível a Cristo, não à compatibilidade natural.
Qual é a “cola” que nos une?
É na sua maioria interesses comuns e personalidades semelhantes?
Será mais que somos um “Bando de Irmãos” servindo e adorando e testemunhando lado a lado nas trincheiras espirituais, enquanto lutamos juntos contra o nosso inimigo comum, o diabo, e enquanto servimos o nosso único e verdadeiro comandante, o Rei Jesus?
Vós vedes provas disso na vossa comunhão com outros?
Deixai-me dar-vos outro significado da unidade baseada na graça em Cristo.
Todos nós estamos cientes dos adultos que sabem que a sua mãe biológica fez um plano de adopção para eles quando eram crianças, e agora, mais tarde na vida, eles procuram ser re-unidos com a sua mãe/pais biológicos. Sim, eles pertencem aos seus pais adoptivos e irmãos, mas também têm um desejo de se ligarem à sua família de carne e osso. Eles sabem que estão por aí, mas ainda não os conheceram.
O que acontece quando eles encontram a sua família biológica? Muitas vezes há um grande momento de celebração e de passar horas e dias conhecendo esta família. Pode ser difícil e embaraçoso, mas há algo satisfatório em unir-se com sua família de carne e osso.
David Bricker, o diretor executivo dos judeus para Jesus, escreve no boletim deste mês sobre “Nossa Família Misteriosa”. Ele fala sobre um membro da equipe que tinha sido adotado quando criança, e sabia que ela tinha uma família biológica que ela nunca tinha conhecido. Quando, como adulta, procurou encontrar esta família, uniu-se a dois irmãos biológicos e ao seu pai, e foi abençoada e desafiada por se relacionar com estas pessoas, a sua carne e sangue!
Bricker continua a escrever que todos nós, que acreditamos em Jesus Cristo, experimentamos de facto um processo semelhante, mas ao contrário. Ou seja, a maioria de nós cresce com nossa família biológica, e então, quando somos redimidos por Cristo e adotados na família de Deus, encontramos todos esses irmãos e irmãs que nunca soubemos que tínhamos! E é uma bênção e um desafio relacionarmo-nos com esta família espiritual, a nossa verdadeira família!
Apliquemos isto:
Você procura tal unidade? É importante para você?
Esta unidade é um grande desafio: nas igrejas, nas escolas cristãs, nas organizações missionárias, e até mesmo nos conselhos de anciãos ou diáconos! Numa época em que a nossa nação está tão dividida por linhas raciais e lados políticos, precisamos desesperadamente buscar essa unidade dada por Deus.
Você está disposto a trabalhar para essa unidade dada por Deus?
Se sim, então que primeiro passo você deve tomar? (Arrependimento de preconceitos, rancores, ódio? Pedir perdão?)
Lembrar: todo o processo começa com você sendo unido a Deus, através da obra redentora do Senhor Jesus Cristo.
Quão importante é esta unidade?
João 17:20-21 “Para que sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti; para que também eles sejam um em nós. Para que o mundo acredite que Me enviaste.”