Q: Porque sentiu que tinha estragado a audição?
A: Havia muita pressão. Eu sabia que eles estavam procurando por uma série regular, alguém que fizesse muitos episódios de “Fargo”, que é um programa de TV enorme. Então você fica nervoso. Você não tem muita informação sobre o personagem. Há apenas algumas linhas. E só há uma certa maneira de conseguir entregar essas falas. Você pode esquecer uma fala porque não memorizou tudo. Há estes nervos todos, a entrar numa audição. Acho que deixei cair uma deixa e tive de começar de novo. E às vezes você só tem aquela filmagem, especialmente na televisão.
Mas, novamente, não há realmente uma grande quantidade de atores nativos para escolher. Não é como os americanos brancos de 20 a 25 anos, onde você pode ter centenas e milhares de atores. Com Nativos, você vai ter uma escolha entre talvez 30 ou 50 pessoas – e metade delas estão no Canadá ou em todo o país.
Q: Você imaginou uma história para Hanzee além do que foi escrito na página?
A: Oh sim, com certeza. Não havia muita coisa na página. Tive a sorte de ter crescido em áreas como Nebraska e Dakota do Sul e Minnesota, Dakota do Norte, Wyoming, Montana. Eu cresci nos anos 70, e estava muito familiarizado com a revitalização do espírito nativo americano, como o que aconteceu em Wounded Knee, em 73. Eu conheço todas essas pessoas. Eu conheço o Russell Means. Eu conheço o Dennis Banks. E conheço John Trudell, que infelizmente faleceu. John Trudell era um poeta e activista do Movimento Índio Americano e era um amigo. Estou muito familiarizado com esse período de tempo e estar perto dessas pessoas e estar perto dessa cultura.
Q: Dada a relação do programa com o trabalho dos irmãos Coen, esses filmes foram um texto chave para você também? Há tanto Anton Chigurh na maneira como você se carrega.
A: No filme “Fargo”, um amigo meu chamado Steve Reevis interpretou o Shep Proudfoot. Ele era o tipo que trabalhava na garagem e batia no Steve Buscemi. Steve e eu crescemos juntos no negócio no início dos anos 90. Por isso, tirei um pouco do desempenho do Steve. E eu estava ciente de como o Noah estava tirando aspectos diferentes dos diferentes filmes dos irmãos Coen e colocando-os na série. Mas com a cena do Anton Chigurh, não pensei no que o Javier Bardem fez em “No Country for Old Men”. Na verdade, só me ocorreu depois de ter feito a cena da bomba de gasolina. O Javier tinha muito mais diálogo. Ele estava a contar uma história nessa cena.